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domingo, 1 de janeiro de 2012

O “club” e o seu significado



Este texto  foi compilado da Internet, programa Google
No dia 1 de Dezembro de 1907, no Campo da Quinta Nova, em Carcavelos, o Sport Lisboa e o Sporting defrontaram-se para o Campeonato de Lisboa. Ninguém poderia adivinhar que seria um dia para a memória do país.
Os jogos entre os eternos rivais lisboetas já viram, entretanto, gente assassinada e gente a morrer de aflição; foram interrompidos ao soco e à navalhada; tiveram um brinco perdido num pontapé violento e num golo soberbo; tiveram uma equipa a entrar em campo só com dez jogadores, e a ganhar apesar disso, tiveram um árbitro expulso por expulsar um jogador; tiveram marechais e coronéis, presidentes do conselho e da República; geraram manifestações políticas e movimentos cívicos, tiveram desistências e abandonos, multidões ávidas e jogadores únicos, alegrias e tristezas, lágrimas e sorrisos, opulência e miséria como tudo o que é profundamente humano...

Mas esta introdução serve de paradigma  ao conceito de “Club”? Finalizamos o capítulo anterior com a emergência de um elemento novo na sociedade portuguesa em meados do século vinte: o movimento rotário. Sobre ele demos uma imagem, agora vamos inseri-lo no contexto da época. 

Novamente, e por uma questão de referência às fontes o autor esclarece que o presente capítulo tem como base um texto publicado por João Pereira Neto (1983) “A Classe Média Portuguesa num Contexto de Mudança” e claro está que a minha observação directa e participante ao longo de cerca de 25 anos (intermitentemente), 1º no Rotary Club do Entroncamento como sócio fundador e agora no Rotary Club de Caldas da Rainha permitiram uma certa equação pessoal e autoridade face ao tema.

No que se refere à sistematização convém identificar antes do mais o período entre o pós 2ª grande guerra e o inicio da guerra colonial (1961), para de seguida avançarmos no marco que foi o 25 de Abril de 1974, data em que ocorreu a mudança de regime. Nessa altura a maior parte da empresas portuguesas apresentava uma cultura organizacional muito parecida com a da sociedade tradicional de predominância agrícola, em resultado de uma evolução lenta e inadequada às mudanças ocorridas nos restantes países europeus durante os anos sessenta. No que concerne ao sector terciário, a situação diferia dos restantes sectores devido ao prestígio tradicional do “colarinho branco” que permitia o ingresso no sector público e privado de jovens com habilitações secundárias e superiores.

O autor aproveita mais uma vez, para a eventualidade de se virem a verificar criticas e rectificações que este estudo virá a estar na base de pesquisa futura a desenvolver dentro do âmbito da cultura organizacional dos Rotary Clus em Portugal. Convirá referir que o clube era o prolongamento da própria casa, a sala de reunião comum, onde de vez em quando se levavam convidados estranhos à causa mas do mesmo nível social.

É interessante transcrever o que a Enciclopédia Verbo nos diz sobre o vocábulo Club e entre outras definições diz o seguinte: “...Veio depois, a designar a quota que se pagava para pertencer às assembleias constituídas por vínculos sociais ou interesses similares…Os clubes modernos nasceram na Inglaterra na época isabelina. A criação do Clube deve ter influenciado o aparecimento da maçonaria. Ou pelo menos a sua reestruturação no século XVIII. Sabe-se que o poeta Tomás Hocclve , ou Occlve (séc XIV-XV) pertencia a um dining club… É enorme a influência dos Clubes na vida histórica e cultural inglesa… Robespierre tomou o comando das operações (Revolução Francesa) criando  o Cordeliers com Danton à frente. Também o abade de Sant Pierre, Montesquieu e o duque  de Noirmontiers haviam fundado o Clube de L’Entresol, de que saiu a Academia das Ciências Morais e Politicas…

Há mais de 100 anos que as reuniões dos Rotary Clubs Rotary, se iniciam com o tocar de um sino.

A imagem acima retrata os primeiros membros em reunião já formal do “Rotary Club”, nela podemos identificar à esquerda Paul Harris.

Uma vez gizado o conceito, debrucemo-nos agora para a sua contextualização em Portugal. Tdos os clubes tinham o seu tipo socioprofissional de associados e estes só pertenciam a um embora houvessem excepções. Todas as terras, em especial as cidades tinham os seus clubes e o seu número correspondia ao número de classes localmente existentes, sendo que o clube de referencia (de maior prestígio) era simplesmente designado pelo termo “Clube”, que como atrás referimos denotava a sua origem inglesa e que por similitude com os “casinos espanhóis” incorporava os membros das profissões liberais, os mais influentes membros das forças armadas, os maiores industriais e proprietários rurais bem como membros das famílias aristocráticas até funcionários públicos das categorias mais elevadas. Uma nota: a maior ambição de um membro das classes mais baixas era ser aceite ( por voto secreto) como um igual, pelos membros de um “Clube”.

A esta associação seguia-se o “Grémio ou o Ginásio”, que na nossa vizinha Espanha albergava os industriais e comerciantes mais importantes, alguns sargentos casados com senhoras da sociedade local e também os mais graduados empregados “colarinhos brancos”da zona. E assim se iam formando Clubes representativos das associações de classe. Depois destes clubes cabia a vez da associação campesina, dos assalariados, dos pescadores que muito se orgulhavam de pertencer à “Filarmónica” ( a que pertenceu o avô do autor que como presidente da Banda Filarmónica de Torres Novas, recorrendo muita vez  “ao bolso” da mulher para acudir à “sua Filarmónica”.

Resta-me acrescentar que a Classe Média portuguesa, era francamente conservadora, muito pouco interessada em mudanças que afectassem o seu prestígio que não era abalado pelas tensões existentes na sociedade portuguesa devido à sua base patrimonial, embora aqui e ali já se fizessem sentir os efeitos do desenvolvimento  que nas zonas mais industrializadas conduziram à emergência de uma nova classe média. Por estes motivos os empresários “mais avisados”  começaram a sentir  necessidade de mudança e ser eles a proporem às suas organizações mudanças no sentido de correrem os menores riscos e consequentemente prepararem-se para aceitar o novo modelo de trabalho nas suas organizações…


Saudações Rotarias
José Carlos Oliveira



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